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Zona Franca de Manaus: entre privilégios fiscais e desafios logísticos

Publicado por admin_sc em 25 de setembro de 2025

Introdução

A Zona Franca de Manaus (ZFM) completa mais de meio século como o maior programa de incentivos fiscais e regionais do Brasil. É um modelo que resiste a críticas e atravessa governos, sustentado por uma combinação rara de estímulos: isenção ou suspensão de IPI e II, não incidência de PIS/Cofins em operações equiparadas à exportação, crédito-estímulo de ICMS que pode alcançar até 100%, além da redução de 75% do IRPJ para projetos no Lucro Real prioritários na Amazônia. A prorrogação até 2073 garante segurança jurídica para investidores de longo prazo.

Com esse conjunto de benefícios, é legítimo perguntar: por que tantos empresários locais ainda insistem em dizer que “está tudo muito difícil”?

O contraste entre reclamação e desempenho

É fato que a economia brasileira vive ciclos desafiadores. Mas a ZFM permanece como um dos raros ambientes de negócios com margens tributárias favoráveis. Alguns setores não apenas resistem, mas crescem com vigor. O Polo de Duas Rodas, por exemplo, deve alcançar 1,88 milhão de motocicletas produzidas em 2025, um marco histórico que beneficia também dezenas de fornecedores de peças e componentes.

Outro caso emblemático é o Polo de Bens de Informática e Eletroeletrônicos. Grandes marcas globais, incluindo fabricantes de smartphones e computadores, ampliaram operações em Manaus. A produção de iPhones e similares se consolidou como vetor de expansão, com linhas cada vez mais sofisticadas e voltadas tanto para o mercado interno quanto para exportações. Não por acaso, um empresário do Sul do país, que montava computadores fora da ZFM, desabafou em uma recente videoconferência: “se eu não for para Manaus, fecho as portas”. A frase resume a diferença brutal de competitividade entre estar ou não no modelo incentivado.

Além disso, a chegada de novas indústrias de alta tecnologia — como semicondutores e componentes eletrônicos de última geração — reforça a percepção de que Manaus é, hoje, não apenas uma opção, mas uma condição de sobrevivência para segmentos de ponta.

As razões da lamúria

Não se pode ignorar, contudo, que a ZFM convive com desafios estruturais severos. A logística é imprevisível: secas históricas reduzem o calado dos rios, encarecendo fretes e atrasando entregas; os gargalos portuários e a distância dos centros consumidores pesam nas planilhas; e a ausência de uma infraestrutura rodoviária confiável, como a BR-319, mantém a região em desvantagem. Esses fatores corroem margens e alimentam parte das queixas.

Mas é preciso separar o que é real obstáculo do que é comodismo empresarial. Reclamar de governo em governo — do passado, do presente e até do futuro — tornou-se hábito. Enquanto isso, empresas que investem em automação, lean manufacturing, formação de mão de obra e integração de cadeias de suprimento colhem resultados.

O que diferencia os vencedores

A experiência recente mostra que, em Manaus, quem investe sobrevive e prospera. O incentivo fiscal é o ponto de partida, não a linha de chegada. A diferença está em transformar a vantagem tributária em vantagem produtiva.

• Tecnologia: automação industrial, manutenção preditiva e sistemas de gestão integrados já não são luxo, mas condição básica.
• Capital humano: capacitar técnicos e engenheiros, em parceria com instituições como SENAI e IFAM, é vital para sustentar ganhos de produtividade.
• Logística inteligente: planejar estoques para períodos de estiagem, diversificar fornecedores e criar contratos de transporte flexíveis reduz a vulnerabilidade.
• Estratégia fiscal: estruturar-se para o Lucro Real e capturar os benefícios de IRPJ e ICMS exige planejamento contábil sério, não improviso.

Conclusão

A Zona Franca de Manaus não é perfeita. Mas, diante do cenário brasileiro, é um dos poucos ambientes onde a indústria encontra ar para respirar e condições para inovar.

Aos que insistem em reclamar, o conselho é simples: compare-se com quem está fora da ZFM. Muitos empresários do Sul e do Sudeste já entenderam: sem Manaus, não há como competir. Para os que estão dentro, a opção é clara: parar de lamentar, investir em tecnologia e gestão — ou assistir de camarote ao crescimento dos que escolheram trabalhar enquanto outros reclamavam.

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