Indústria vai ter linha de crédito de R$ 12bilhões para renovação

O governo federal lançou um pacote robusto de financiamento voltado à modernização do parque industrial brasileiro. A iniciativa, que faz parte da agenda “Indústria 4.0”, prevê a liberação de R$ 12 bilhões em novas linhas de crédito, com o objetivo de incentivar empresas a renovarem máquinas, equipamentos e bens de capital.

Como será o financiamento

Do valor total, R$ 10 bilhões serão ofertados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dentro desse montante, cerca de R$ 4,3 bilhões terão como base a Taxa Referencial (TR), enquanto o restante será oferecido a taxas de mercado. A combinação dessas condições — chamada de modelo “blended” — deve garantir que o custo final do financiamento não ultrapasse 8,5% ao ano.

Além disso, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, disponibilizará R$ 2 bilhões adicionais, com juros de TR + 7,5% ao ano. Essa linha será exclusiva para empresas localizadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, reforçando a política de estímulo ao desenvolvimento regional.

Impactos esperados

De acordo com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, a medida representa um marco para a competitividade nacional. “Esses recursos vão permitir que a indústria reduza custos, modernize seu parque fabril, aumente a produtividade, inove e avance na exportação e na descarbonização”, afirmou durante o anúncio realizado no Palácio do Planalto.

Alckmin também destacou que o crédito funcionará em sinergia com a política de depreciação superacelerada, outro incentivo fiscal recentemente lançado pelo governo. Segundo ele, a combinação de benefícios tributários e financiamento acessível cria condições favoráveis para impulsionar a chamada nova revolução industrial no Brasil.

Relação com a disputa comercial com os EUA

Apesar da recente sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, Alckmin frisou que a criação dessas linhas de crédito já estava planejada antes do anúncio do governo norte-americano. Portanto, não se trata de uma resposta direta à medida adotada pela administração Trump, mas sim de uma política de longo prazo estruturada pelo governo Lula.

Agenda legislativa e crescimento econômico

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também esteve presente no anúncio e reforçou que a estratégia faz parte de uma visão de médio prazo. Segundo ele, a ideia é acelerar a agenda no Congresso ainda em 2025, preparando o país para “chegar em 2026 pronto para alavancar o crescimento”.

Haddad destacou que Lula entregará um ambiente de negócios mais estável e favorável ao setor produtivo, algo que “há muitas décadas não se via” no Brasil.

Medidas complementares

Além dessa linha de crédito, o governo já havia anunciado recentemente a destinação de quase R$ 40 bilhões em apoio às empresas impactadas pela sobretaxa dos EUA, por meio do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), administrado pelo BNDES.

Esse conjunto de medidas aponta para uma estratégia clara: fortalecer a indústria nacional, tornando-a mais resiliente às pressões externas e mais competitiva no cenário internacional.

🔗 Fonte: Artigo original publicado no Valor Econômico em 26 de agosto de 2025.